[Entrevista: Parte I] KAMIJO, a razão pelo qual o seu álbum “OSCAR” é um grande trabalho: “Eu me senti assim quando terminei de compor, isso me fez refletir muito sobre a vida das pessoas.”


KAMIJO da banda Versailles lançou um novo álbum, "OSCAR", em 19 de Outubro. É o primeiro álbum solo depois de quatro anos e meio desde "SANG" lançado em março de 2018. O título "OSCAR", vem da mitologia nórdica, significa a "Lança de Deus", e também nos faz lembrar de Oscar da obra "A Rosa de Versalhes" de Ryoko Ikeda. Todas as 13 músicas gravadas são histórias magníficas compostas sob o enredo de que Louis XVII durante a Revolução Francesa tenha ficado vivo até os tempos modernos. O desenvolvimento da história, em que ficção e realidade moderna se cruzam, reverbera como um espetáculo dramático. Sons e arranjos que interagem infinitamente com a história e são baseados em heavy metal e música clássica, onde tiveram como base o reino da música cinematográfica. Às vezes de forma bastante intensa, e às vezes esteticamente forte, as emoções presentes são meticulosamente construídas até a última nota.

KAMIJO anunciou o início do "OSCAR PROJECT" na virada do ano de 2022. E também naquela época, o lançamento do álbum "OSCAR" foi anunciado, mas devido à sua saúde fragilizada, o lançamento foi forçado a ser adiado do cronograma original. Por outro lado, a turnê nacional "OSCAR TOUR 2022-2023" centrada no álbum "OSCAR" começou em maio. À partir do "-SCENE I - INTRODUCTION", uma série de apresentações ao vivo serão realizadas até o "-SCENE V- OSCAR" no início de 2023, e o álbum "OSCAR" está colocado como centro do "OSCAR PROJECT".

"A coragem e a atitude de enfrentar os desafios mudarão os tempos." ─ Aqui apresentamos a primeira parte da entrevista, onde KAMIJO fala sobre o álbum "OSCAR", e como este expressa a vida de todos de forma crescente.

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■A vida de solidão de Louis XVII
■Os muitos vínculos com a sociedade contemporânea


── "OSCAR" finalmente foi concluído e é o primeiro álbum completo em quatro anos e meio, correto?

KAMIJO: Isso mesmo. Comparado a antes, meu ambiente de estúdio está mais organizado. Por exemplo, foi possível gravar com a bateria ao vivo, o que não foi possível no álbum anterior "SANG" (2018) e graças a isso, pude acompanhar todo o processo desde o início. Acho que isso foi a primeira coisa boa em toda esse primeiro momento. Pelo mundo ainda estar na situação do COVID, senti que havia começado a explorando várias opções e meios de solucionar tudo, inclusive como definir meus objetivos.


── O universo do rock épico imaginado por KAMIJO tomou forma novamente. Cada álbum produzido é como uma sequência de uma história, correto?

KAMIJO: Isso mesmo. Afinal, enquanto eu estiver vivo, acho que tudo que eu crio terá algum tipo de relação, e acho que é algo que só eu posso fazer para incorporá-lo claramente ao meu trabalho. Nesse sentido, não importa a forma, cada álbum é uma sequência da história, mas estou sempre consciente de criar um trabalho onde novos ouvintes possam entrar.


── Então, assumindo que novas pessoas estão te ouvindo pela primeira vez, como você descreveria o álbum "OSCAR"?

KAMIJO: Em primeiro lugar, no meu trabalho solo, existe um menino chamado Louis XVII que morreu aos 10 anos de idade durante a Revolução Francesa, a minha produção é baseada no enredo onde ele sobreviveu até os dias atuais. Nesse sentido, as questões sociais da época em que vivemos são usados como pano de fundo. Neste caso, é o problema da energia natural estar desaparecendo gradualmente. Então, que tipo de resposta eu poderia dar? Isso foi o que eu fiz em "SANG", pensei na possibilidade de converter o sangue humano em energia/eletricidade, que talvez fosse possível criar uma forma muito natural de energia.


── Entendo.

KAMIJO: Esse foi o tema que eu trouxe a tona da última vez, e desta vez tentei enfrentar isso de frente e ver que tipo de problemas surgiriam se eu realmente tentasse difundir essa ideia pelo mundo. Ironicamente, o mundo que vivemos está realmente seguindo o fluxo para ser assim, então, o meu objetivo era como eu poderia tornar o meu trabalho positivo e corajoso. Inclusive, há um momento neste álbum, em que o personagem principal toma uma grande decisão e dá um passo à frente, espero ter conseguido dar a ele mais coragem. E eu me senti assim quando terminei de compor, isso me fez refletir muito sobre a vida das pessoas.


── Então, o sentimento que teve foi diferente de antes?

KAMIJO: Sim. Como pode ser visto nas letras que escrevi, a vida de cada ser humano faz parte dos tempos de mudança, correto? E durante essa produção, percebi que "nunca tinha parado para pensar sobre isso".


── É claro que a história é centrada em Louis XVII, mas inevitavelmente o ponto de vista se estende ao modo de como as pessoas vivem suas vidas, correto?

KAMIJO: Isso mesmo. Louis XVII, o personagem principal da história, morreu enquanto estava preso, isso é um fato histórico, correto? Mas na minha história, em "Symphony of The Vampire" (2014), o músico Beethoven tira Louis XVII da prisão, e depois ele se torna um vampiro que sobrevive até os dias atuais. No entanto, se for descoberto que Louis XVII ainda está vivo, o mundo entrará em caos. Então, pelo bem da família real francesa, ele tem que manter isso em segredo, ou seja, acho que sua vida, que ele viveu sozinho por tanto tempo, está muito ligada à sociedade moderna, que se concentra nos aspectos mais pessoais de cada pessoa. Na verdade, é sobre que isso que se trata o meu trabalho.



── Você se sente solitário na sociedade moderna?

KAMIJO: Primeiro, que fazer arte é um processo solitário, correto? Além disso, mesmo fazendo parte de uma banda, era o mesmo sentimento de quando eu era um estudante, quanto mais eu estava na multidão, mais solitário eu me sentia. Diante desse tipo de situação, eu queria permanecer sozinho, então me tornei um artista solo, mas depois de experimentar tudo, acho que há muitas coisas em que precisavam ser pensadas. Você apenas acreditar que está sozinho, é completamente diferente de quando você muda a maneira como enxerga isso. É exatamente isso que está retratado no final deste trabalho, no contexto geral você pode estar sozinho, pode ser que você seja o único lutando contra isso, ou você pode pensar que está sozinho, mas está em uma mútua ajuda com os outros. Meu desejo é criar um trabalho que eu possa transformar palavras tão negativas em sentimentos positivos.


── Resumindo, isso significa que você não está tão sozinho quanto pensa?

KAMIJO: Bem, em poucas palavras, sim. É por isso que, quando você reunir coragem para dar um passo à frente, será recebido inesperadamente e calorosamente. Acredito que eu deveria ser capaz de sentir isso.


── Hoje em dia, todo mundo usa a internet para expressar seus sentimentos e pensamentos. Com a disseminação das ferramentas que deveriam criar conexões que não existiam antes, também existe um fenômeno que se destaca, é a solidão individual. Muitas vezes as palavras "escuridão no coração" pode ser ouvidas.

KAMIJO: Isso mesmo. Isso é exatamente o que a música "Behind The Mask" retrata.


── Várias pessoas ouviram a música de KAMIJO e vieram ver suas apresentações ao vivo. Existe uma comunidade. Como o artista no centro disso, você às vezes sente uma sensação de missão que precisa  ser cumprida?

KAMIJO: Claro, eu sinto a responsabilidade de que existem coisas que somente eu posso fazer, exatamente porque acho que os meus fãs confiam em mim. Então, por exemplo, cantar e retratar os pensamentos de sofrimento causados pelo desastre da COVID, que é exatamente o que "Behind The Mask" mostra, me permitiu expressar tudo o que penso. É justamente por ter pessoas que aceitam essa atitude que eu não levo muito a sério. Eu sinto que eles me deixam fazer o que eu quero.


── Em outras palavras, você tem a sensação de que o que está fazendo está sendo transmitido corretamente.

KAMIJO: Exato. É por isso que, ao contrário do que se pensa, você deve construir tudo com cuidado e firmeza. E esse tipo de sentimento se torna cada vez mais forte.


── Qual música foi o ponto de partida para a produção de "OSCAR"? Cinco singles foram lançados anteriormente, então se colocássemos em ordem cronológica, "Eye of Providence" (2019) seria o primeiro, correto?

KAMIJO: "Eye of Providence" é a parte central deste material, assim como "The Revenant Choir" é para Versailles ("NOBLE" de 2008). No entanto, quando chegou a hora de realmente colocá-lo efetivamente dentro do álbum, "AGENDA" foi a que mais pude sentir como o início de tudo. "AGENDA" ainda estava no começo, mas quando as partes de maior força da música foram concluídas, eu senti que "OSCAR" estava pronto para ser feito.


── Antes de tudo isso, você já tinha a ideia de usar o nome "OSCAR" como título do álbum?

KAMIJO: Não, o nome "OSCAR" ainda não existia, mas eu pensei sobre como o vampiro original deveria ser chamado. Então, quando pensei em nomear as presas afiadas como algo especial, pensei que "OSCAR", que significa "Lança de Deus" na mitologia nórdica, seria uma ótima escolha. Em outras palavras, as presas de Louis XVII são "OSCAR". Como Louis não pode usar seu próprio nome, existe também a questão de quem é "OSCAR". E foi assim que se tornou o título do álbum.


── O nome "OSCAR" aparece na música "AGENDA", isso foi algo que surgiu enquanto você escrevia a letra?

KAMIJO: Não, isso foi separado de "AGENDA", ele leva em consideração toda a história até ali. "AGENDA" é como o prólogo do início de um filme, o momento em que a banda entra e as primeiras notas do primeiro violino se estendem para o clímax, e enquanto trabalhava na música, eu imaginava a imagem de uma águia voando no céu e em várias outras cenas. Nesse ponto, a cortina havia se aberto em minha mente e eu sabia que essa era a primeira música do álbum. Diante disso, inevitavelmente terá que existir uma cena para continuar a seguir em frente. Apliquei um delay ao piano no início, e os instrumentos de cordas vêm como o vento e se repetem o tempo todo, e eu tocava as linhas da guitarra em batidas de tom limpo sempre que possível. Essas linhas são resultado das minhas atividades anteriores e gosto bastante delas.


── Que tipo de significado existe quando você diz que "essas linhas são resultado de minhas atividades anteriores"?

KAMIJO: Por exemplo, a frase que sai do canal R (right/direito), como um "tututututurutururu", é um arranjo de som que somente eu, que trabalhei com LAREINE, NEW SODMY e Versailles, poderia ter criado. Eu coloquei minha própria forma de utilizar o 7ª menor, o 9ª menor e o 7ª maior em minhas composições. Afinal, é fácil combinar as notas de cima de uma 7ª maior e uma 6ª nota de um acorde, mas se você exagerar, acabará se inclinando demais para o rock britânico. No entanto, se você for muito longe na direção oposta, acabará ouvindo com facilidade. É por isso que o lancei como uma marca de KAMIJO. Essa é a verdadeira emoção, não acha?


── Isso foi expresso de forma ideal em "AGENDA".

Isso mesmo. Os membros que tocaram na gravação também deram sugestões de composição, mas para essa música, pedi para eles se segurarem e tentarem ter paciência para tocarem ela. No entanto, no momento em que entrou no refrão... como eu posso definir? Parece que o nível do meu canto subiu de repente (risos), até o engenheiro ficou surpreso. Não está distorcido, mas acho que foi uma gravação bastante animada (risos).


── As letras também são como uma narração que dão uma noção de como todo o álbum será, correto?

KAMIJO: Sim, há elementos narrativos do ponto de vista de Deus, a história do álbum em si e perguntas sobre o mundo.


── O que o termo "anjo caído" significa?

KAMIJO: Isso é sobre a morte do Conde de Saint-Germain, "no final da psicologia em massa... os anjos caídos", em outras palavras, até os anjos são abandonados. É isso o que significa.

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■A elegância única da música clássica
■Riffs de guitarra que encaminham para a próxima cena


── A música seguinte, "Habsburg" parece ser uma parte que integra "AGENDA".

KAMIJO: Eles são uma única peça. Originalmente, ele foi produzido com este objetivo, e foi dividido apenas para adicionar os marcadores para o processo de masterização. Para alterar o BPM, mudei o andamento para 5/4 (cinco quartos) de compasso e coloquei uma frase tripla em cima. Recentemente, tenho gostado muito desse tipo extremo de mudança de ritmo, mas perfeitamente calculada. Essa é exatamente a conexão entre "AGENDA" e "Habsburg". Esse tipo de coisa também é o destaque deste álbum e vale muito a pena ouvir, não é?


── "Habsburg" é o que você chamaria de uma música de power metal melódico sinfônico, correto?

KAMIJO: Eu não sei como posso descrevê-la, mas antes de tudo, eu honestamente queria expressar ao máximo a atmosfera clássica que eu tanto gosto. Além disso, parece ter sido inspirado na "Four Seasons" (As Quatro Estações) de Vivaldi... Vivaldi não está diretamente relacionado à história em termos de época, mas em termos de som, eu estava um pouco consciente disso. Além disso, a sensação rústica do coral e o spiccato são o núcleo do som nesta música. Eu pedi a YOSHI (ex-CROSS VEIN) para tocar guitarra apenas para esta música, e ele tomou seu tempo tocando com cuidado, e eu acho que acabou sendo muito agradável.


── Qual é a história por trás das composições?

KAMIJO: Existe realmente uma teoria de que Louis XVII sobreviveu, que não foi ele quem morreu na prisão da torre. Assim, através da análise de DNA, foi comprovado que a pessoa que morreu foi sim Louis XVII, mas em contradição a análise de DNA, havia um fio de cabelo que foi encontrado em um relicário que havia sido passado por gerações na família Habsburg.


── Isso também é verdade, um fato histórico, correto?

KAMIJO: Partindo desse ponto, voltei minha atenção para o desejo da família Habsburg, que eram os ancestrais de Louis. Naquela época, a Casa de Habsburg tinha um tremendo poder e invadiu toda a Europa. Eles são uma família de aristocratas, que também são chamados de sangue azul, mas também tinham algo em que acreditar. Católicos e protestantes. Eles também acreditavam em um ou em outro, mas desejavam a glória de seus descendentes no futuro. Na letra está escrito "Rosary", mas eu queria criar uma música com o nome "Habsburg", como se fosse um Episódio 0. Mas eu não imaginava entrar tão bem nisso, inclusive nos arranjos. O brasão de armas dos Habsburg é uma águia de duas cabeças. Acho que é o nono compasso no início de "AGENDA". Anteriormente, falei sobre a imagem de uma águia voando no momento em que a banda entra, mas é também a cena que transita para "Habsburg".


── É algo muito elaborado, não é? Ouvindo a história que você conta, algo misterioso veio a minha mente.

KAMIJO: E o que seria?


── A Casa de Habsburg deveria ser católica. Em outras palavras, o futuro brilhante que os Habsburg desejavam não necessariamente corresponderia ao que as pessoas das gerações futuras acreditavam.

KAMIJO: Bem, acredito que você esteja certo.


── Se você acha que a atual sociedade capitalista se espalhou a partir das raízes do protestantismo, do ponto de vista católico isso provavelmente é uma degeneração. Diante disso, o sistema Èmigre que transforma o sangue humano em energia, embora seja uma história fictícia, também pode ser visto como uma resposta aos passos errados induzidos pelo protestantismo.

KAMIJO: Exatamente. Quando se trata de aspectos religiosos, não me atrevo a analisar eles tão profundamente. O próprio Louis basicamente não segue nenhum deles, e seria desrespeitoso falar disso sem nenhum entusiasmo. É um assunto tão profundo que eu poderia fazer outro álbum se eu começasse a escrever sobre esse tema.


── Isso ocorre por você ser tão meticuloso e prestar atenção aos detalhes, correto? E isso também vai incentivar o público a explorar coisas novas, não é?

KAMIJO: Espero que sim. Além disso, estou feliz que o coral foi tão legal quanto eu imaginava que seria. Belo e fortíssimo.


── Na passagem da "quebra de silêncio" podemos ouvir as vozes graves em uníssono atrás da melodia principal. Eu acho que existe um significado por trás disso também.

KAMIJO: Sim. Significa que é a águia de duas cabeças. De um ponto de vista chave, não combina com a atmosfera se estiver muito baixa ou muito alta. Então, eu tentei colocar as camadas em oitavas. Foi uma decisão do ponto de vista musical, mas achei perfeito para ilustrar a imagem de uma águia de duas cabeças.


── Então, o fato do baixo não soar forte e profundo é compreensível. O MV de "SHADOW OF OSCAR" foi lançado no YouTube há alguns meses, correto?

KAMIJO: Sim. Quando você ouve o álbum, as primeiras músicas tem como objetivo apresentar os personagens. Com isso em mente, "SHADOW OF OSCAR" expressa a relação entre Louis e o Conde de Saint-Germain, a relação entre humanos e vampiros, e a lua e o sol, representa as coisas que são extremas entre si. A princípio, só de olhar para a letra, parece que é uma canção de amor, mas ela pode ser colocada em várias situações, como entre mim e os fãs no palco, para alguém importante ou para um amante. Nesta música, o Conde de Saint-Germain que é o centro de todas as atenções no lugar de Louis, é como o sol brilhando na lua, ou seja, Louis que estava escondido ao fundo. Eu coloquei isso nesse significado de interpretação. Essa música é especialmente sincopada, mas o arranjo é direto do sangue J-ROCK que flui naturalmente em mim.


── O fato dessa música começar com um refrão a deixa bastante animada. O cravo que soa após o primeiro refrão e no final também é impressionante.

KAMIJO: Sim. E assim como Vivaldi, usei Bach como inspiração aqui. Se você me perguntar se há uma cena na história em que o cravo pudesse soar, eu diria que não, mas eu queria ele ali apenas como um elemento sonoro para essa música. Então, ao olhar para as partituras reais de música clássica, pensei então em colocar as minhas próprias interpretações nela.


── Quando ouço esse som, de alguma forma fico excitado (risos).

KAMIJO: Eu te entendo (risos). Eu acho que uma particularidade da música clássica, é que ela é única, sem muita estrutura nos acordes, e isso é semelhante aos riffs de guitarra. Se você tentar adicionar um baixo ali, isso me manteria enraizado o tempo todo. Eu normalmente não faço letras com escala. Todos eles são adicionados para harmonizar com a melodia e os acordes. Então, enquanto eu estiver fazendo músicas com guitarra, acho que terei que estudar e aprender um pouco mais a partir de agora.


── Por outro lado, você também pode pensar que a característica principal de KAMIJO vem justamente porque você não faz isso, correto?

KAMIJO: Hahaha. Mas eu quero saber sobre o que eu estava pensando e quero escolher o apropriado entre eles e usá-lo.


── Mas independente se você realmente ira usar isso ou não, ainda é algo que você deveria aprender.

KAMIJO: Isso mesmo. Sempre que ouvia a palavra escala, eu pensava: "Isso seria o equivalente a ter uma visão do mundo?". Existem várias escalas, como a arábica e a menor harmônica, mas fiquei imaginando como seria usá-las para determinar a visão do mundo. No entanto, acho que é necessário um pouco de conhecimento quando se pensa em música clássica e várias composições de guitarra. Por exemplo, mesmo que você pense: “Por que esse som está se harmonizando aqui? Com certeza há um choque de notas aqui, não é?, e isso pode ser explicado em "É isso mesmo, está tudo bem em termos de escala". Ao longo desta produção, houve muitas vezes em que me senti assim.


── Você nunca se sentiu assim antes?

KAMIJO: Até então, não... Eu não me importava com a escala, acreditava que não era algo tão importante. Se você acha que estou errado, então estou errado. É por isso que quando olho para as partituras de música clássica, me pergunto: "Isso está certo? Mas é música clássica, então deve estar certo." Em outras palavras, se você pensar ao longo da escala, você está certo, e se você pensar nos acordes, você está errado. Já tive vários momentos assim. Isso é algo legal, não é? Eu acredito que seja uma benção existir coisas que você queira aprender.

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■Quem lucrou com a Batalha de Waterloo?
■Algumas pessoas podem encontrar isso em fatos históricos


── Quanto mais você ir a fundo nisso, mais novas descobertas você fará. E isso continua em "Symbol of The Dragon", que começa com uma orquestra em tom heroíco.

KAMIJO: Esta é uma regravação do single lançado em fevereiro de 2020. Nesta gravação, Napoleão Bonaparte aparece como personagem e o cenário é a Batalha de Waterloo, a batalha final da Revolução Francesa. Onde Napoleão recebe instruções do Conde de Saint-Germain para perdê-la, e ele o obedece.


── Isso não é um fato histórico, correto?

KAMIJO: Sim, não é um fato histórico. Como resultado, nesta história, a Família Carmesim se torna uma família poderosa na história, mas por que o Conde de Saint-Germain deliberadamente instruiu a Napoleão para perder na Batalha de Waterloo? Como diz na letra, é apenas para o futuro de Louis, para que ele se conecte ao futuro.


── E em termos de som?

KAMIJO: No single, foi utilizado o V-Drums (bateria eletrônica) e os samples foram substituídos por baterias ao vivo, o que aumentou muito a potência. A bateria que YUKI (Versailles) tocou neste álbum foi afinada pelo próprio LEVIN (La'crima Christi) em seu estúdio lab.L. E a música também foi regravada para o álbum. Eu uso um microfone Sphere desde 2019 e gravei cinco singles com ele desde então, mas desta vez voltei a usar o Neumann U87. Depois disso, ficou completamente diferente. Apenas "Eye of Providence" foi deixada como estava porque eu gostei da versão que gravei na época, mas todas as outras músicas foram regravadas.


── O que "Symbol os the Dragon" representa?

KAMIJO: Depois que Napoleão Bonaparte perdeu a Batalha de Waterloo, o Conde de Saint-Germain o levou para a Família Carmesim em Londres, dizendo a ele que "Há alguém que eu quero que você cuide." Lá, a Família Carmesim descobre que Napoleão Bonaparte nunca morrerá. É por isso que, por gerações, eles usaram o corpo de Napoleão para continuar a pesquisa em um laboratório nas profundezas das montanhas, na esperança de terem uma vida eterna como ele. Todo o tempo, um grito de dragão ressoou daquele laboratório.


── Entendo, então ele é o "Dragão", correto?

KAMIJO: No final, a razão pela qual o Conde de Saint-Germain confiou à Família Carmesim a sua própria ganância, foi para que não tornassem público que Napoleão estava vivo e o usassem apenas como material de pesquisa para que eles obtivessem a vida eterna. E tudo isso era um plano para trazer ele para a era atual. Essa é a história, mas como escrevi no meu romance, Napoleão possuía um tipo de superstição para vencer as batalhas que travava, que era levantar a voz bem alto e rugir como um dragão. É isso que significa. É daí que vem o nome "Symbol of the Dragon".


── Quanto mais você ouve, mais eventos escondidos na história são revelados. O "sangue azul" na letra é um símbolo de nobreza, enquanto o "sangue vermelho" é interpretado como sangue humano, correto?

KAMIJO: Exato. Além disso, na história, a Família Carmesin é o nome do clã que expressa a ganância dos humanos e que são os inimigos na história, e que também significa o "vermelho". Algumas pessoas podem encontrar o significado disso nos fatos históricos de quem saiu vencedor com a Batalha de Waterloo que usei como pano de fundo da história.


Reportagem e Texto: Kyosuke Tsuchiya
Fotos: Lestat C&M Project
Fonte: BARKS.JP
Material de Apoio: KAMIJOItalia

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3° álbum: "OSCAR"
Lançado em 23 de Outubro de 2022 (Domingo)
[Edição Limitada (CD+CD bônus)]
Código SASCD-113 ~ 114
Valor: ¥4.950 (com impostos inclusos)
*Disco 2 inclui todas as músicas instrumentais
[Edição Regular (somente CD)]
Código: SASCD-115
Valor: ¥3.300 (com impostos inclusos)

■SETLIST
01. AGENDA
02. Habsburg
03. SHADOW OF OSCAR
04. Symbol of The Dragon
05. Beautiful Rock'n Roll
06. Behind The Mask
07. fairytale
08. Persona Grata
09. Eye of Providence
10. TEMPLE 〜真夜中に咲いた薔薇〜
11. OSCAR
12. Avec toi 〜君と共に〜
13. NOBLESS OBLIGE
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