[ENTREVISTA] HAKUEI & KAMIJO: Uma Conversa entre dois músicos Encantadores

 

Introdução pela JROCK NEWS:

Essa entrevista foi originalmente publicada pelo “club Zy.” em japonês. JROCK NEWS é parceira com o clube Zy. e Vijuttoke com o objetivo de popularizar o Visual Kei japonês globalmente. Saiba mais sobre nossa parceria aqui.

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Voltamos mais uma vez para um novo episódio da série de conversas HAKUEI no popular programa ao vivo da niconico “Izakaya Hakuei”. Depois de mais de 40 episódios, desta vez, uma oportunidade apareceu para conhecermos KAMIJO, o vocalista da banda Versailles e que também segue em carreira solo.

O episódio de hoje gira em torno do tema “conversa apaixonada entre dois adultos encantadores”, em que KAMIJO e HAKUEI expressam seu charme através de sua presença e voz. Eles farão uma retrospectiva do ano de 2021 e falarão sobre suas expectativas em relação as suas futuras atividades no que vem a seguir.

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“HAKUEI está sempre um passo à frente,
então eventualmente acaba assim na minha
mente: “Ah, HAKUEI já está fazendo
isso também…” —KAMIJO

Na vida particular, vocês dois estão em contato um com o outro?

KAMIJO: Na verdade não, nós nos encontramos apenas uma vez. HAKUEI fez um show de aniversário no Shibuya AX há cerca de 10 anos atrás, e eu fui convidado para fazer uma apresentação lá com o cinegrafista Henmi. Lá, pude cumprimentá-lo nos bastidores.

HAKUEI: É por isso que podemos dizer que hoje é nosso primeiro encontro de verdade.

KAMIJO: De fato. O tecladista suporte no PENICILLIN também era a mesma pessoa que participava da minha primeira banda LAREINE, dessa forma, eu me senti de alguma forma próximo a eles, pessoalmente falando. Mas no fundo, HAKUEI continua sendo meu “sênior de cachos” [risos].

HAKUEI: Yoshiki  (baterista do X Japan) não é também? [Risos]

KAMIJO: Você está certo [risos]. Yoshiki, mas também o ex-vocalista Tetsu do MALICE MIZER, e HAKUEI são os “três mestres de cachos”. HAKUEI não é apenas meu veterano nesse aspecto, ele também é o que mais brilha no meio da cena Visual Kei. Cada coisa legal no Visual Kei, ele foi o primeiro a fazer isso. Podemos pensar que há muitos cantores talentosos, mas acho que poucos deles são verdadeiramente magníficos. HAKUEI é um deles, ele é grande e uma pessoa impossível de não admirar.

Mais uma coisa, eu amo o universo do mangá “KISSxxx” e HAKUEI disse que gostou também. Existem muitas bandas que foram influenciadas pelos trabalhos de Kusumoto Maki (0autor do KISSxxx). Mesmo nesse campo, o HAKUEI está sempre um passo à frente, então acaba ficando assim na minha cabeça: “Ah, o HAKUEI já está fazendo isso também…”. Dessa forma, HAKUEI é um sênior particular entre os sêniores.

HAKUEI: Uau, eu me sinto... envergonhado [risos]. A imagem que tenho do KAMIJO é aquela desde LAREINE. Ele está criando sua visão de um mundo medieval europeu com orgulho e determinação. Não é tão recente, mas lembro que me surpreendi quando vi as fotos dele andando a cavalo. Ele era genuinamente legal. Isso me fez perceber que, se queremos abraçar esse estilo, temos que ir tão longe quanto pelo menos. Aprendi muito com isso.

KAMIJO: Muito obrigado.

HAKUEI: Essas fotos não foram editadas mesmo, você montou um cavalo de verdade?

KAMIJO: Eu fiz isso. Eu andei a cavalo algumas vezes na verdade [risos]. Tem aquela famosa pintura de Napoleão andando a cavalo, sabe? Eu queria fazer fotos nesse estilo. Nós as tiramos para o renascimento do Versailles, mas foi do mesmo jeito no passado, quando nos juntamos à Warner Music Japan. Naquela época, nós simplesmente pedimos “por favor, vamos andar a cavalo”, e isso se tornou realidade.

HAKUEI: Andar a cavalo e transformar isso em fotos, é simplesmente incrível. Não é algo que qualquer um pode fazer. Desde o próprio nome, “Versailles”, até as fotos promocionais da banda. Posso dizer que KAMIJO está em busca de seu ideal.

KAMIJO: Estou honrado.

Acho que descrever KAMIJO como um homem perseguindo seu ideal é verdade.

Certo, vamos começar a falar à partir desse ponto sobre o tema de hoje? Desta vez, o tema é “Conversa apaixonada entre dois adultos encantadores” e…

HAKUEI: O que? Vamos falar sobre o que? Coisas sujas? [Risos]

De jeito nenhum [risos]! Como o tema diz, vocês são artistas cheios de charme e acho que já disseram muito isso. Como vocês se sentem com isso?

KAMIJO: Na música, acho que o charme é uma coisa essencial. Especialmente com o canto, a respiração é um componente diretamente ligado que anda de mãos dadas com o charme, então sinceramente acho que é um elemento crucial. Quando você quer mandar uma mensagem, se não tem charme... Acontece, né? Mas, ao mesmo tempo, você não pode simplesmente apontar para isso, não vai funcionar. O ideal é poder cantar naturalmente com carisma.

Com isso dito, suponho que seu charme vem naturalmente?

KAMIJO: Sim. As pessoas costumam me dizer que meu jeito de cantar é muito elegante, e na verdade eu fui indicado em uma espécie de ranking “Sexy Rocker” no exterior [risos]. Fiquei realmente surpreso com isso, porque não me obriguei a cantar de maneira voluptuosa, e até hoje não faço isso.

Mas como eu disse anteriormente, ter charme é algo importante. Seja homem ou mulher, quando se trata de comover o coração do ouvinte, o charme é absolutamente necessário. Não importa se é uma canção de amor ou uma canção sobre problemas sociais, sem o charme a mensagem não chegará ao seu alvo.

Se eu tivesse que usar outra palavra, eu diria que é sobre humanidade. Que a humanidade pode ser apreciada por algumas pessoas, mas também percebida de forma ruim por outras, e sinto que talvez os vocalistas que consigam transmitir esses dois sentimentos igualmente – de forma equilibrada – sejam descritos como cantores encantadores.

HAKUEI: Quando me dizem que sou carismático, seria estranho da minha parte dizer “Sim, é porque estou fazendo isso dessa maneira”. Elegância não é algo que você está tentando o seu melhor para exercer de propósito, mas algo que emana naturalmente. É por isso que, se uma pessoa me diz que se sentiu encantada, não há mais nada que eu possa dizer a não ser “obrigado”.

Mais do que “uma pessoa”, acho que muita gente diria isso para você.

HAKUEI: Você acha? Na verdade, me dá cócegas quando as pessoas me dizem isso porque eu não estou particularmente tentando fazer isso, estou simplesmente fazendo o meu melhor para enviar uma mensagem e criar músicas para expressá-la durante os shows. Então, se resultar em músicas intimamente ligadas à noção de charme, fico feliz por estar fazendo dessa maneira.

Vocês dois são seres espontâneos, não são?

HAKUEI: Acho que sim. Essa discussão está realmente me fazendo pensar sobre algo; meu gosto em termos de moda tende a mudar com frequência, mas no final, as coisas que eu costumo gostar convergem para um tema comum de algo um pouco fetichista. Se eu não posso sentir isso em uma roupa, simplesmente não parece certo.

Mesmo em minhas roupas casuais, eu quero um pequeno toque disso em algum lugar. Meu tapa-olho é provavelmente um elemento representativo desse desejo. Enquanto houver esse pequeno detalhe no meu uso diário, me sinto em paz. Dessa forma, talvez algumas pessoas sintam esse ponto de encontro entre moda e meu poder de expressão algo como “o charme de HAKUEI”… Provavelmente.

Eu também acho. Você também KAMIJO, seu carisma não se limita ao seu jeito de cantar, mas também emana da sua presença. O que você acha disso?

KAMIJO: Eu absolutamente não estou pensando propositalmente em expressar meu charme. Eu sou alguém que não pode exagerar, então eu só quero permanecer fiel a mim mesmo. Estou apenas tentando ser eu, então a razão pela qual me dizem que sou encantador é um mistério para mim.

Charme é a personificação do senso estético de alguém, então acho justo dizer que vocês dois são bonitos por dentro. Nesse sentido, você pode me falar sobre coisas que são importantes para você – como pessoa – ou sobre as quais você é especial?

KAMIJO: Em primeiro lugar, procuro saber o que há de melhor entre todas as coisas. Seja comida ou roupa, uma vez que sei o que é bom, finalmente decido do que gosto. Em vez de escolher apenas com base em meus sentimentos, tento aprender uma variedade de coisas antes de tomar uma decisão.

Por exemplo, quando decidi adicionar alguns elementos de música latina à minha música mais recente, pesquisei até certo ponto como é a verdadeira música latina e depois a organizei do meu jeito. Eu sempre gosto de fazer esse tipo de preparação.

Se você não se preparar, acabará com algo não polido. Eu não queria fazer música latina, mas queria criar uma música com um toque latino. Eu acho que há uma enorme diferença entre fazer algo meu depois de fazer uma pesquisa adequada, e tentar fazer algo com uma sensação latina ignorando sua verdadeira essência.

Eu concordo. Além disso, quando você procura comida de alta qualidade, moda ou produtos de luxo, não é apenas uma questão de saber que o que você vai conseguir é o melhor, mas também é bom escolher algo que se alinha ao seu próprio gosto.

KAMIJO: Obrigado. Não é realmente sobre o que é o melhor. Embora eu faça algumas pesquisas, não me aprofundo muito. Para usar as compras como exemplo, se eu decidir comprar uma geladeira, pelo menos tenho que pesquisar quais recursos as últimas lançadas tem e qual é o preço de mercado para essa classe de eletrodoméstico. Esse é o grau em que eu pesquiso. Depois de fazer a pesquisa, cabe a mim decidir se é algo que quero ou se realmente preciso. Então esse aspecto aparece quando estou escrevendo música.

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“Eu não quero trair ninguém, seja um amigo,
alguém com quem trabalho ou qualquer pessoa,
e claro, até os fãs.” —HAKUEI

HAKUEI, além da sua própria vida, você pode explicar o que é mais importante para você?

HAKUEI: O que é importante para mim? Eu realmente nunca tive um lema, tanto quanto eu saiba. Dito isto, sinto que não quero trair ninguém. Não quero trair ninguém, seja um amigo, alguém com quem trabalho ou qualquer pessoa – e, claro, até mesmo os fãs. Acho importante tentar ao máximo nunca trair ninguém. Sempre tive essa crença.

Agora eu entendo porque você está sempre cercado por muitas pessoas, HAKUEI. E além disso, você desenha joias, faz livros ilustrados, administra uma loja de ramen… Você realmente parece o tipo de pessoa que busca muitos interesses.

HAKUEI: Eu me pergunto. Eu não tenho tanta certeza sobre isso [risos]. Para falar a verdade, não pretendia fazer joias, aconteceu por acaso. Fiz uma entrevista com uma revista de joalheria e enquanto conversava com o escritor sobre algumas revistas de amostra, dei minha opinião sobre as joias que estavam nela. Na maioria das vezes, eu era um crítico severo, dizendo coisas como “Parece que todo mundo está fazendo caveiras ultimamente”. No meio de tudo isso havia uma marca que eu achava que tinha muito bom gosto, então eu disse “gostei dessa” e o redator olhou para a página e disse: “Estou feliz, porque essa é a minha marca” [risos] .

KAMIJO: [Grandes risadas] Não é emocionante? [Risos]

HAKUEI: Muito. Seria ruim se a marca dessa pessoa fosse uma das que eu falava mal [risos]. Então foi aí que surgiu a oportunidade. Ele me deu algumas amostras e, naquela época, eu tinha um blog, então escrevi “Eu uso isso todos os dias” nele, e as pessoas reagiram a isso. A decisão de colaborar naturalmente decorreu disso. A mesma coisa aconteceu com o meu restaurante. Fiz um livro ilustrado sobre comida chamado “Natto Samurai” e recebi um prêmio do “Ministério da Agricultura, Florestas e Pescas” por contribuir para a promoção da comida japonesa.

Então, fui à cerimônia de premiação de terno e alguém me disse que ficou muito impressionado com as minhas atividades. Acontece que eles administravam restaurantes, então perguntaram se poderíamos colaborar. Achei “parece interessante” [risos]. E foi assim que acabei administrando um restaurante. Eu tenho uma quantidade saudável de curiosidade e quando se trata de ser atraído por algo interessante, prefiro tentar algo e depois me arrepender do que não ter tentado.

Isso também pode ser considerado uma das lições de vida do HAKUEI.

KAMIJO, você disse que não é do tipo que se aprofunda, mas acho que, quando se trata de coisas que lhe interessam, você é do tipo que se aprofunda?

KAMIJO: Isso mesmo. Não há muitas coisas que me interessem, mas quando encontro algo, me jogo completamente nele.

Eu entendo. Afinal, você aprendeu sozinho a fazer arranjos orquestrais completos, não é?

HAKUEI: Ah, sério? Isso é muito impressionante.

KAMIJO: Ah não, de jeito nenhum. Eu só queria poder reger uma orquestra enquanto cantava, como Joe Hisaishi (um compositor que trabalhou com o Studio Ghibli). Afinal, se você pensar bem, você pode traçar uma linha entre os arranjos musicais para uma banda e para uma orquestra. A guitarra é o violino e o baixo é o violoncelo, algo nesse sentido. Se você transpor cada instrumento um por um, poderá criar uma orquestra. Além disso, não é como se eu dominasse tudo sozinho. Eu recebo ajuda de profissionais para fazê-lo.

No entanto, em vez de apenas contratar alguém para fazer isso por você, você decidiu tentar.

KAMIJO: Eu pensei que mesmo se eu fosse contratar um arranjador, seria difícil para mim comunicar o tipo de som que eu imaginava sem ter o conhecimento para fazê-lo. Eu sempre fui assim. Por exemplo, quando eu fazia panfletos, sentava ao lado do designer até de manhã e fazia o mesmo ao editar vídeos de música.

Acho que isso mostra que você quer criar algo com o qual se sinta totalmente satisfeito, ao mesmo tempo em que não quer apresentar algo brega para os fãs. Sobre qual você se sente mais forte?

KAMIJO: Eu acho que a sensação de não querer dar aos fãs algo brega é mais forte. Dito isto, é a mesma coisa que esperar para lançar algo até que eu esteja totalmente satisfeito com isso.

HAKUEI: Eu entendo isso. Eu realmente também não quero apresentar algo brega para os fãs, então não vou me comprometer e vou fazer algo que me deixe totalmente satisfeito. Mas isso significa que esses dois sentimentos se sobrepõem.

KAMIJO: Exatamente.

HAKUEI: Mesmo assim, é complicado. Você pensará que quer colocar certas palavras com uma melodia, mas mesmo que expressá-la dessa maneira não seja legal, os ouvintes podem entender melhor quando colocado dessa maneira. É por isso que é importante não ficar complacente e expressar o que você quer, mantendo um certo nível de qualidade.

KAMIJO: Eu sinto o mesmo. Eu também me deparo com problemas assim. Agora o que estou fazendo não pertence apenas a mim, pertence aos fãs também. O que quero dizer com isso é que o que me vem à mente quando penso no rosto de cada um dos fãs... não são minhas próprias sensibilidades. É um sentimento vago, mas acho que minhas sensibilidades e o valor de Versailles são determinados junto com meus fãs.

HAKUEI: Isso mesmo. Quando eu comecei uma banda, eu não pensava sobre esse tipo de coisa. Achei que ficaria tudo bem desde que houvesse paixão, impacto e uma força destrutiva [risos]. Eu acho que minha base ainda está nesses sentimentos, mas no ano passado, eu procurei quantas músicas eu tinha escrito e havia 508 delas no registro do JASRAC (é uma organização japonesa sem fins lucrativos que lida com direitos autorais e licenciamento). O número só aumentou desde então. Tendo feito tantos, há muito o que pensar [risos].

KAMIJO: 500 músicas... isso é bastante coisa.

Isso é incrível. Para resumir, sobre o que falamos até agora, vocês dois têm um forte senso de identidade e convicção, mas também pensam nos sentimentos dos fãs. É isso que dá o charme.

KAMIJO: Eu acho que posso me dar ao luxo. Eu sou capaz de acreditar nos meus fãs. Quando posso acreditar nos fãs, sinto que posso fazer o que quiser até certo ponto, e isso me dá uma sensação de liberdade. Eu acho que isso é uma coisa boa.

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Para mudar de assunto, que tipo de ano foi 2021 para vocês dois?

KAMIJO: Acabou sendo um ano significativo para mim. Até agora, eu nunca tinha me aproximado tanto dos fãs como este ano. Eu era do tipo que dizia “Siga-me!”. Mas com a pandemia em 2021, percebi a importância do meu relacionamento com os fãs e tomei providências para trabalhar nisso durante o ano.

Até agora, eu realmente não tinha considerado os sentimentos dos fãs ao escrever as letras, mas durante a pandemia, senti falta de conhecer os fãs e eles também expressaram o mesmo sobre mim. Cheguei à conclusão de que tínhamos os mesmos sentimentos.

Portanto, pensei que poderia ser possível escrever uma música com os fãs como protagonistas, e embora o resultado tenha sido que me tornei o protagonista, consegui lançar uma música assim. Essa música é meu último lançamento solo “Behind The Mask” , que saiu em julho. Eu acho que no passado, eu escrevi músicas considerando os sentimentos dos fãs, mas por muito tempo, eu tinha esquecido isso e acho que redescobrir foi o que fez deste um bom ano.

Isso é um grande feito. Quando você ouviu a música finalizada, isso lhe deu uma impressão diferente do habitual?

KAMIJO: Porque eu escrevi durante a pandemia, achei que soava bem sombrio. Mas é meu trabalho deixar para trás um trabalho como esse, então acho que o resultado foi necessário.

HAKUEI: Para mim, 2021 foi um ano bastante difícil. Primeiro, em março, caí de bicicleta e quebrei o ombro e a clavícula. Então, em julho, fiz uma cirurgia para remover minha úvula. Eu estava sofrendo de rinite muito forte por causa das minhas alergias, então fui a uma clínica de ouvido, nariz e garganta e eles me disseram que minha úvula era muito grande. Ele estava afetando as membranas mucosas naquela área e fazendo com que meu trato respiratório se contraísse, então decidimos removê-lo.

KAMIJO: Depois que foi removido, isso afetou sua voz?

HAKUEI: Bem, uma vez que saiu, eu consegui respirar bem melhor, então ficou mais fácil cantar. Depois disso, eles cauterizaram a membrana mucosa do meu nariz, o que fez meu nariz clarear. Embora a cirurgia tenha sido um sucesso, ainda por cima, tive que remover meu apêndice e andar de ambulância pela primeira vez na vida.

Além disso, a pandemia tornou tudo mais difícil.

HAKUEI: Foi muito difícil. Eu estava com febre e para evitar que o hospital me deixasse entrar me disseram que não poderia ser tratado até receber o resultado do teste de PCR, então tive que esperar muito tempo na enfermaria de isolamento.

KAMIJO: Enquanto você estava com dor?

HAKUEI: Sim. Eu estava com tanta dor. Então eu tive peritonite, não parecia nada bom. Minha febre chegou a 40 graus e meu corpo tremia tanto que eu não conseguia nem segurar as coisas. Então me livrei de algumas partes “desnecessárias” e retirei minha úvula e meu apêndice. Livrei-me de muito peso morto este ano [risos].

KAMIJO: [Risadas animadas] No entanto, é notável que mesmo que seu corpo estivesse passando por muita coisa, seu espírito não quebrou.

De fato. Foi um ano difícil, mas não podemos dizer que foi realmente um “ano de manutenção do corpo” com os deuses da música permitindo que HAKUEI seguisse sua carreira ocupada em 2022? Sinto que este ano foi uma espécie de mensagem lembrando você de ter cuidado ao andar de bicicleta e cuidar de seus ossos.

HAKUEI: Talvez seja esse o caso. Quando caí da bicicleta e quebrei os ossos, decidi integrar esse acidente na letra de uma das músicas do PENICILLIN. A razão é me lembrar de diminuir a velocidade sempre que estou com pressa na minha bicicleta. De certa forma, é possível que esta seja uma mensagem de Deus me dizendo que se eu não tomar cuidado, coisas ruins acontecerão.

Pode ser isso. A propósito, parece que o projeto de HAKUEI, The Brow Beat, foi um grande sucesso no ano passado, em julho.

HAKUEI: Sim. É um novo começo para The Brow Beat. Atualmente estamos compondo músicas e o vocalista Ryuji e eu estamos discutindo muito sobre a direção musical que devemos tomar. Na verdade, queremos nos tornar uma banda que pareça forte e com um grande espírito de luta, então falamos muito sobre isso [risos].

KAMIJO: Isso é incrível [risos].

Eu concordo [risos]. Parece que vocês dois viveram um ano muito diferente.

Existe alguma coisa que você é atraído recentemente?

KAMIJO: Pessoalmente, gosto de equipamentos de transmissão ao vivo. O pântano profundo da Blackmagic Design (uma empresa que cria hardware de transmissão e cinema) está me engolindo [risos].

Fiz minha casa à prova de som, coloquei molduras nas paredes e as pintei para que parecessem envelhecidas. Montei luzes de shows no teto e várias câmeras 6K. É como se eu pudesse gravar um videoclipe a qualquer momento… [Risos]

O quê? Você está falando sério?

KAMIJO: Sim [risos]. Comecei isso casualmente em julho de 2020 e não consegui parar desde então. Você sabe, eu gosto do que pode ser controlado pressionando um único botão. Sozinho, posso controlar as câmeras de comutação automática, o próprio vídeo, o texto na tela, os personagens e muito mais. Tudo isso a partir de um único Stream Deck (um teclado macro programável). Você sabe, eu não sou o tipo de pessoa que quer que seu futuro dependa de um vírus desconhecido, então esse é o resultado de eu tentar construir um ambiente onde possamos fazer shows com facilidade. Você sabe o que é DMX512?

HAKUEI e Atsushi Kaie (entrevistador): Não faço ideia.

KAMIJO: É um padrão usado para controlar a iluminação. Os sinais MIDI são enviados através do Pro Tools dos técnicos (um software de música) que impacta diretamente a iluminação dependendo das faixas… em resumo. [Risos] Preciso melhorar um pouco minhas habilidades de DMX (Digital Multiplex, a ferramenta de iluminação) e ficarei bem!

U-Um momento, você está tentando dizer que este não é um lugar que você construiu para que você possa alugá-lo para obter lucro, é a sua casa real?

KAMIJO: Exatamente. É por isso que estou dizendo que é meu hobby [risos].

HAKUEI: [Grandes risadas] Incrível [risos].

HAKUEI: Para responder à pergunta inicial do que eu gosto recentemente. Estou super perto de um guitarrista chamado Tatsuo. Muitas vezes tive que trabalhar com ele durante os últimos 15 anos para minha carreira solo e para The Brow Beat. Ele tem dois filhos, um menino que é aluno da quarta série do ensino fundamental e uma menina da segunda série.

No ano passado, a menina participou de vez em quando na revista “Alunos do primeiro ano do ensino fundamental” como modelo e declarou que queria se tornar uma YouTuber. Seu irmão mais velho também quer se tornar um YouTuber, mas com a crise do COVID-19, ficou impossível brincar ao ar livre ou se divertir com os amigos. Então Tatsuo me perguntou “Na verdade, meus filhos querem se tornar YouTubers, você tem alguma ideia?”, e eu pensei que poderia tentar ajudar com isso.

Conversei com várias pessoas sobre isso, e finalmente criamos o canal “Kokyuu Umilon Channel”. O irmão mais velho está participando sob o nome de “Kokyuu Steak” e a menina com o nome de “Umilon”. Nós nos divertimos muito juntos e quando eu vou na casa do Tatsuo, eles sempre ficam tipo “Ei HAKUEI, eu tenho algo para te contar!”, então cada um deles me leva para seu próprio quarto e me conta suas histórias [risos]. Estamos tão perto, e pelo canal Kokyuu Umilon fizemos um churrasco e pesca de caranguejo, então eu tive que acordar cedo no dia seguinte depois de um show [risos].

KAMIJO: Você está aparecendo nesses vídeos?

HAKUEI: Não, eu não quero que as pessoas me vejam ajudando, então estou apenas dando instruções. Às vezes você pode ver minha mão enquanto colho bolotas, ou você pode me ver de muito longe jogando bola com eles. O sucesso do Canal Kokyuu Umilon se deve apenas aos esforços das crianças – mesmo que eu esteja fazendo aparições vagas. Estamos nos dando tão bem que eles ficam muito animados quando estou lá. Tatsuo me disse que quando eu não estou lá, eles não tem motivação alguma, então estou participando para impulsioná-los quando eles estão filmando. Mais do que gostar, eu realmente gosto.

É muito típico de você estar envolvido nos bastidores, HAKUEI.

Tudo bem, parece que ano passado foi a chance de HAKUEI cuidar de seu corpo, enquanto KAMIJO abriu uma nova porta em suas atividades musicais. Estamos muito animados para descobrir o que este novo ano nos reserva.

KAMIJO: Este ano (2022) é o aniversário de 15 anos de Versailles, então, por favor, esperem muito de nós. Além disso, o show que fiz no Zepp Diver City como artista solo em julho do ano passado, foi o primeiro show em um ano e nove meses. Foi gravado e iniciou suas vendas em 28 de dezembro de 2021. O lançamento contém toda a performance, mas também dois videoclipes, uma coleção de videoclipes ao vivo com sete faixas e um making-of. Está disponível em Blu-ray e DVD, uma versão em álbum ao vivo e um panfleto de fotos também está à venda - todos lançados simultaneamente. Por favor, dêem uma olhada neles.

Uma última coisa, vou lançar meu novo álbum (OSCAR) como artista solo durante o primeiro semestre deste ano, por favor, verifiquem meu site oficial, e também verifiquem o site oficial do Versailles para mais detalhes.

HAKUEI: Quanto a mim, The Brow Beat lançará um novo álbum em abril e começará uma turnê em maio. Este ano também será o aniversário de 30 anos do PENICILLIN, estamos com alguns shows agendados para janeiro e fevereiro.

Formamos o PENICILLIN em fevereiro, então costumamos fazer shows este mês para comemorar. Desta vez é o nosso aniversário de 30 anos, então vamos começar com um show comemorativo em fevereiro e durante um ano, organizar vários eventos para este ano especial. Por favor, esperem por isso.

KAMIJO: 30 anos... Isso é incrível. Esse ano é o aniversário de 15 anos do Versailles e o aniversário de 30 anos do PENICILLIN. Podemos sentir uma lacuna histórica a partir disso.

HAKUEI: Vamos fazer o nosso melhor. E vamos fazer outra entrevista daqui a 15 anos [risos].

KAMIJO: Sério? Farei o meu melhor para que isso se torne realidade [risos].

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Fontes:
Desenvolvido por: clube Zy. e Vijuttoke.
Entrevistador: Atsushi Kaie (clube Zy.)
Versão em Inglês: JROCK NEWS
Artigo original: https://www.club-zy.com/contents/485480
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