A voz que chamava Lillie parecia pertencer ao próprio lago.

    "De acordo com os contos, este local só pode ser visitado por poucos escolhidos, no entanto, não cabe a nós escolher quem entra. São as próprias pessoas que decidem. Talvez seja por ter algo a pedir ao lago e por abrigar certas emoções, que elas se tornam a chave para que as pessoas possam entrar no que são escolhidas. Para você ver, essa é a diferença entre aqueles que chegam a este lugar e aqueles que não chegam."

    Como ela ficou imóvel, Lillie começou a entender.

    "Meus sentimentos se tornaram a chave?"

    "Sim. No entanto, dentro de você está mais uma chave. Pois você veio aqui, e agora você vai olhar dentro do lago."

    Lillie obedeceu e começou a caminhar timidamente em direção ao lago. Ao fazer isso, um pilar de luz apareceu, era do mesmo verde esmeralda de seus olhos e tão brilhante que era impossível olhar diretamente para ele.

    "O que é isso...?"

    Olhando mais de perto, uma escada em espiral se estendia da borda do lago até o centro do pilar, antes de se estender para baixo.

    "Agora vá. Para descobrir os seus sentimentos!"

    Ao contrário da hesitação que sentiu, os pés de Lillie foram atraídos para ele e seu corpo foi sugado. Lillie desceu cuidadosamente as escadas, que eram transparentes como vidro trabalhado, uma de cada vez. De repente, atrás dela veio o barulho de algo batendo as asas.

    "Oh, então, ele chegou afinal!"

    Quem falou isso não foi outro senão o espírito-guia. Lillie se virou. A porta do Lago da Reminiscência, que surgira em cena, estava distorcida e deformada, como uma imagem vista em um sonho.

    "Jérémie!"

    Ao ver seu amado, todas as emoções no coração de Lillie dispararam. Amor, felicidade, tristeza, medo... Seu coração batia intensamente.

    "Lillie? Lillie, onde você está?!"

    Jérémie não conseguia ver ela. Tudo que seus olhos encontraram foi algo semelhante a um cisne. Ou talvez fosse uma fada do lírio branco.

    Não. Foi Lillie. Lillie estava flutuando no lago. Ao perceber isso, Lillie estava de costas para ele e já havia começado a descer as escadas. Jérémie correu atrás dela a toda velocidade. Quando ela sentiu seus passos ecoando, Lillie gritou.

    "Não venha mais! Apenas vá! Se eu ver seu rosto agora, eu vou... Eu vou..."

    Jérémie não teve tempo de ouvir suas palavras. Nem as escadas frágeis o preocupavam. Se ele não pudesse segurar ela com força em seus braços, então, de alguma forma ele iria perseguir ela, de alguma forma ele iria alcançar ela. Esse desejo o impulsionou.

    "Lillie, espere! Eu preciso de você! Por favor, me dê mais uma chance... Só mais uma..."

    Nesse momento, Jérémie foi tocar em Lillie com a ponta dos dedos.

    "Não vá mais longe!!"

    Lillie, surda ao grito de Jérémie, deu um salto para a frente. Tremendo, ela perdeu o equilíbrio na escada. Talvez ela tenha ficado inconsciente com o choque, seu corpo imóvel afundou direto no fundo do lago.

    O ombro de seu vestido de seda escorregou pela metade, expondo uma cicatriz grande e inadequada. Seu cabelo longo e bonito esticado atrás dela como a cauda de um cometa.

    Enquanto Lillie era libertada, descendo em câmera lenta, Jérémie também pulou da escada.
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